Sobre o autor

BRÍGIDO IBANHES nasceu em Bella Vista Norte (PY) em 08 de outubro de 1947, com registro no Distrito de Nunca-Te-Vi, Bela Vista (MS), Brasil. Filho de Aniceto Ibanhes e Affonsa Christaldo de Ibanhes, naturais da Vila de Porteiras, no antigo Mato Grosso. Em julho daquele ano, o escritor e diplomata Guimarães Rosa esteve a passeio na quadra da casa onde nasceu, no Paraguai.

Aos nove anos, 
com a família.
Em Bella Vista Norte cursou o “grado´í” (prezinho) e o 1° ano primário, absorvendo a cultura guarani, a raça dos seus antepassados. Em 1956, no Brasil, faz seus estudos no colégio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de Santo Afonso, aprendendo o português, pois até então só falava o espanhol e o guarani. Em 1959, em Ponta Grossa (PR), no Seminário do Santíssimo Redentor, cursa o ginásio e parte do científico. Aprende, então, o latim, o grego, o inglês, o francês, química, física, os princípios de teologia, e conhece os clássicos nacionais e internacionais da literatura. Em 1962, num concurso interno do Seminário, foi premiado pelo poema “Noite Cigana”. Sai do Seminário ao final de 1964, quando vai viver em São Paulo, na capital.

Serve ao Exército Brasileiro em 1966, no 10º Regimento de Cavalaria, em Bela Vista. De volta a São Paulo, trabalha até o final de 1969. Escreve, então, contos ingênuos e sonetos românticos. Em 1970 retorna para Bela Vista em virtude de acidente ocorrido com o pai. Aprovado em concurso assume a Tesouraria da Prefeitura Municipal, e depois o cargo de Encarregado-Geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), subordinado à Fundação SESP. Em 1973 ingressa, por concurso, no Banco do Brasil. Em 1978 se transfere para Patrocínio (MG), e depois para Santa Cruz do Capibaribe (PE), com o propósito de aumentar sua bagagem cultural. Transfere-se para Bataguassu, depois para Sidrolândia (MS).

Nesta cidade, em 31 de maio de 1986, sob ameaças de familiares e políticos que não desejavam a publicação da obra, lança o livro “Silvino Jacques, o Último dos Bandoleiros”, que ganha a primeira menção honrosa no I Salão de Livros de Autores de Funcionários do Banco do Brasil. Por determinação judicial a obra é apreendida. Depois de seis anos de pendenga judicial é liberada sua divulgação pelo Tribunal de Justiça do Estado.

Em 1988 lança, em Campo Grande (MS), o livro de contos “Che Ru, o Pequeno Brasiguaio”, em que registra os costumes e os entreveros peculiares das fronteiras entre o Brasil e o Paraguai. Em 1987, como pesquisador da história pré-colombiana, inicia trabalhos de escavação arqueológica na região de Volta Grande, próximo a Chapecó (SC). Nas ruínas de pedras de antiga civilização, revela, entre seus achados, peças de cristal lapidadas e tambetás guaranis. Em 1993 lança o livro “A Morada do Arco-Íris” que relata as aventuras dessa descoberta, provocando muita polêmica entre os estudiosos, principalmente quando o fato é divulgado pela TV Bandeirantes. Em novembro de 1994, as ruínas em Volta Grande são visitadas pela equipe da Dra. Eva Markova, da Rússia, que confirma a importância da descoberta, fato divulgado pela RBS, da TV Globo.

Em 1987 perde seu cargo de fiscal do Setor de Operações da agência do Banco do Brasil, em Sidrolândia, por não concordar com esquemas de desvios de verbas do Proagro e do Fundec. Em 1988 foi coagido a pedir transferência para o Nordeste, depois de sérias retaliações profissionais. Na cidade de Santa Cruz do Capibaribe (PE), em 1989, participa da prisão de chefe de quadrilha que por duas vezes assaltou a agência do BB daquela localidade. É obrigado a retornar para o Mato Grosso do Sul.

Em 1991, em Dourados (MS), funda o Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública (METRA) para combater a corrupção política. Como coordenador do Movimento, ajuíza várias ações contra autoridades públicas e prega uma nova conscientização política.

Na liberação do livro 
sobre Silvino Jacques.
Em 1992 é eleito primeiro presidente eleito da Academia Douradense de Letras. Nesse ano foi-lhe enviado convite especial para participar do 58º Congresso Internacional de Escritores, promovido pelo Pen Club International, entidade ligada à ONU, realizado no Copacabana Palace, Rio de Janeiro (RJ). No evento foi adotado pela organização devido as perseguições sofridas pela divulgação da história do bandoleiro Silvino Jacques, e pela sua luta em prol da liberdade de expressão.

Em 1992 sai candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores, e sua situação no Banco do Brasil se agrava. Em maio de 1993 responde a inquérito administrativo, em que as perguntas são todas de cunho político, e das quais a empresa se nega a lhe fornecer cópia. Em outubro é demitido sumariamente, sem nenhuma justificativa.

A partir de então recrudesce sua luta em prol da moralidade pública. Em 1996 coloca no ar a primeira rádio comunitária da região (FM Tererê), que funciona por pouco tempo e por força de liminar judicial federal.

Com a camiseta do 
Movimento Metra.
Na 1ª Feira Interamericana do Livro, realizada em Curitiba (PR), em maio de 1997, lança o livro infanto-juvenil “Kyvy Mirim” (Curumim), a lenda do Pombero e do pé de tarumã, da Mitologia Guarani, inclusa a criação do mundo por Tupã. Em setembro de 1999 apresenta, como coordenador de Comissão Especial da Academia Douradense de Letras, o resultado das pesquisas da denominação “índio”, consignada erroneamente aos povos nativos do Brasil.

Em novembro de 2001, em evento realizado na Praça Antônio João, lança o livro “Ética na Política: entre o sonho e a realidade”, em comemoração aos dez anos de fundação do Movimento Metra.

Começa a militar na área da cultura. Participa do Conselho Municipal de Cultura de Dourados, quando pede afastamento para cuidar da mãe doente em Bela Vista, em 2005. Na cidade natal, articula para criação do Conselho Municipal de Cultura, e participa da I Conferência Nacional de Cultura em Brasília. Em 2006 integra a Secretaria-Executiva do Fórum Estadual de Cultura, e é nomeado titular da Câmara Setorial de Literatura, Leitura e Livro, representando o Estado junto à Funarte.

Com o fardão da Academia
Douradense de Letras
Na noite de 14 de maio de 2006 (Dia das Mães) sofre, juntamente com sua esposa Elisângela dos Santos de Souza Ibanhes, violento atentado a bomba, quando têm partes dos corpos queimados. Nessa data começava, na penitenciária local, Harry Amorim Costa, a rebelião do Primeiro Comando da Capital, o PCC.

Também ocorriam manifestações dos ruralistas contra a política agrícola. Na tarde daquele domingo divulgou matéria jornalística criticando a truculência dessas manifestações, admitindo, porém, que os motivos seriam legítimos. Às 20:40 h, no momento em que assistia ao Programa Fantástico, a sala da sua residência foi atingida por um coquetel molotov. Graças a uma coberta com que se cobriam, não sofreram queimaduras generalizadas, apenas localizadas, nos pés e mãos. Obrigado a permanecer na cama, numa lenta recuperação, começa a trabalhar o romance “Marti, sem a luz do teu olhar”, que acaba sendo digitado no que sobrou do seu escritório todo incendiado. Em 25 de maio de 2007 torna pública a obra, com lançamento na Livraria Textus, no Shopping Avenida. Dois meses após, a apresentadora Global Ana Maria Braga coloca no seu site uma resenha do livro.

Em 13 de março de 2010, no espaço do Cine São José, em Bela Vista, lança "Chão do Apa - contos e memórias da fronteira", que é muito bem recebido pela crítica. O Profº Dr. Paulo Nolasco, assim se expressa:
Casado com Elisângela Santos
de Souza Ibanhes
"iniciei a leitura de imediato, com grande instigamento pelas primorosas páginas iniciais e de introdução, com epigrafe de Guimaraes Rosa, abrindo-se para o universo 'abrasador' da Guerra do Paraguai. A frase "Amanhece o dia 16 de agosto de 1.869" fixa o ponto da elevada narração memorialística, com o traço firme e já conhecido de seu gesto e pendor para a narrativa historico-memorialistica, e abrindo-se, a partir daí, para a uma leitura que prende entusiasmando o leitor, o estudioso critico, para mais uma vez conhecer a saga da horrenda Guerra e copioso relato que vem para ocupar , com toda certeza, o lugar de um imponente relato sobre nosso chão cultural, sobre a voz calada dos marginalizados latino-americanos."
 

Em função da sua luta em prol da liberdade de expressão, dos direitos humanos e da cidadania para as minorias, e em vista do atentado sofrido, foi indicado pela Federação das Academias de Letras e Artes do Mato Grosso do Sul para o Prêmio Nobel de Literatura.

Como escritor, Brígido Ibanhes revela nos seus livros a magia das lendas nativas e o carisma dos míticos personagens históricos. Sua militância política extrapola os limites da simples ideologia política, e se aproxima de conceitos humanísticos e sociais formulados pelo Homem de Nazaré. Talvez pela sua própria formação religiosa na adolescência.




BRÍGIDO IBANHES

MEMORIAL POLÍTICO, ADMINISTRATIVO, CLÍNICO E CULTURAL

Em 12.02.1973, concursado, tomei posse no Banco do Brasil em Bela Vista (MS); ao longo dos anos prestei serviços ao banco nas cidades de Patrocínio (MG), Santa Cruz do Capibaribe (PE), Bataguassu (MS), Sidrolândia (MS), de novo Santa Cruz do Capibaribe (PE) e no Cesec em Dourados (MS), onde resido. Em julho de 1984, em Sidrolândia (MS), fui nomeado Auxiliar do Setop (Fiscal do Setor de Operações Rurais), e, logo na primeira fiscalização, já percebi que havia algo errado, pois o volume de soja que encontrei num armazém não correspondia ao que deveria ter; no entanto, me solicitaram que constasse como regular, pois um pouco antes haviam sido retiradas algumas toneladas; isso dito pelo supervisor. Fui também percebendo, ao passar de pouco tempo, que não me colocavam na pauta nenhuma fiscalização do Proagro (Seguro Agrícola); não entendia o porquê, pois fazia parte do meu serviço. Uma vistoria que realizei para o Proagro na lavoura do sr.  Ademar Antônio Marçal, que inviabilizaria o recebimento do seguro federal, foi inutilizado pelo gerente Augusto Guedes e foi enviado outro fiscal para fazer o laudo. Outros casos aconteceram para favorecer a liberação do custeio.  Na agência, encontrei o setor de arquivo dos laudos todo bagunçado e comecei a colocar em ordem; ninguém gostou, pois, só mais tarde entendi que a bagunça era para dificultar que se encontrasse alguma vistoria. Ali campeava a desordem e a corrupção.

Em meados da década de 80, a Ditadura Militar, formada também pelos políticos que lhe deram sustentação, continuava muito forte nos bastidores financeiros e administrativos do Banco do Brasil; a estrutura ditatorial se mantinha em funcionamento, um pouco mais discreto talvez, mas, não menos perversa e mortal. O país era uma confusão política e uma disputa de poder muito acirrada; percebendo a necessidade de uma militância em prol da ética e da democracia, me filiei ao PDT brizolista. O Banco do Brasil, braço financeiro do governo federal, servia para grupos, advindo do regime ditatorial, se estruturem politicamente, inclusive fundando um novo partido, o PSDB, visando o poder ou para se manter nele. O gerente da agência de Sidrolândia (MS), Augusto Guedes da Fonseca Neto (Militar CPOR), que já fora prefeito biônico da Ditadura em Mundo Novo (MS), fazia parte de um esquema comandado neste Estado pelo Deputado Federal Saulo Queiroz, funcionário licenciado do Banco do Brasil, e que estava aquartelada na Superintendência Regional, em Campo Grande, comandada pelo sr. Sirley Nogueira. Um dos objetivos do grupo era eleger o Sr. Guedes prefeito de Sidrolândia; e, para bancar essa pretensão e outros projetos eletivos, volumes significativos de verbas do Proagro eram deferidos, muitas vezes com a intermediação do próprio Deputado Saulo Queiroz junto ao Banco Central, aos grandes agricultores e pecuaristas que participavam dos grupos que apoiavam esses interesses políticos, em prejuízo dos pequenos e médios produtores que, depois de amargarem uma fila imensa e demorada num famigerado caderno, quase tudo lhes era indeferido.

Qualquer vistoria que fosse prejudicar os grupos do esquema era, de maneira bem sutil, solicitado pelos chefes (Supervisor Guazelli e Assistente Valfrido), ou pelo próprio gerente, que fosse refeito; isso logo eu percebi, e, até guardei alguns laudos refeitos. Ao ver tantos produtores serem privados dos seus direitos, inclusive, com péssimo atendimento na agência pelo gerente, fato comprovado em relatório do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) que montou um dossiê à época sobre minha pessoa, e atendendo ao que dispunham as normas do Banco (CIC Funci e CIC Administração) quando a situação envolvia o principal gestor, entreguei, no início de 1986, uma carta ao auditor em visita, Sr. Hermenegildo Machado da Silva, gerente de Anastácio (MS), relatando as irregularidades que vinham acontecendo. Passaram-se os meses e nada; concluí que a Alta Administração, em Brasília, estava conivente com as irregularidades. Foi me dando uma angústia e desconfiança, pois percebi que o gerente mudara seu tratamento comigo. Continuei o meu trabalho com mais empenho, tentando coletar o maior volume possível de informações sobre as irregularidades, pois pressentia que se aproximava uma guerra. Não dormia e nem comia mais direito, e a depressão se instalou em mim.

Foi quando começaram os assédios morais e torturas psicológicas. Primeiro, com uma indicação para promoção como Assistente, que não deu certo porque ali surgiu mais um foco de corrupção do esquema: o pedido de um novo financiamento, pelo Fundec, para construção de uma creche que já estava construída na Vila São Bento. Acontece que eu morava nessa vila e era uma das lideranças do bairro. Não concordei com a situação, e me retornaram para a fiscalização. Foi quando, para sair um pouco desse ambiente ruim, solicitei licença-prêmio e fui efetuar umas pesquisas históricas, para fundamentar um livro sobre o mistério em Volta Grande, no oeste de Santa Catarina, bem longe dessa agência que já me trazia muita apreensão e opressão. Mesmo lá, porém, fui perseguido. O Sr. Guedes entrou em contato com o gerente do Banco em Chapecó (SC), sr. José Campigotto, que determinou que a polícia me escoltasse até um hospital para fazer exame mental; foi mais um momento de grande humilhaçãoEm 08.12.87, estando ausente, fui destituído do cargo de fiscal, mesmo sendo o mais graduado entre os demais. Em meados de 88, ano em que aconteceriam as eleições para prefeito e vereador, fui chamado à gerência, e, o gerente, Sr. Guedes, na frente do prefeito, Sr. João Lemes de Souza, e de um dos sujeitos mais ricos do município, Sr. Olinto Comparim, me fez a proposta para me candidatar a vereador. Na hora, deixei a entender que seria possível, mas que, dentro de alguns dias daria a resposta final. Ao final da reunião, o Sr. Olinto me abraçou e disse que poderia me considerar eleito, desde que ficasse com eles. O gerente mandou distribuir pela agência umas trovas em que se enaltecia a minha candidatura. Passados dois dias, retornei à gerência e lhe disse que não dispunha de dinheiro para bancar nenhuma campanha política; foi quando me revelou que o refinanciamento da creche daria os recursos necessários, pois já estava tudo combinado. Ao tomar conhecimento disso, recusei a proposta, e o gerente quase enfartou na minha frente, pois percebeu que havia falado demais. Mandou chamar o sr. José Hauser, presidente da Associação da Vila São Bento, para que eu desmentisse um recado seu, e, como não desmenti, virei as costas e me afastei e escutei ele me chamando de “bugre atrevido”. No dia seguinte à negativa da candidatura, ao chegar ao banco, fui chamado à gerência, e o Sr. Guedes mandou colocar uma pequena mesa de fórmica, no banheiro da gerência, e me manteve ali sentado durante todo o expediente, lendo as normativas, por dois expedientes. Foi quando apareceu o jornalista Euricles Cavalcante Macedo, avisado por mim à noite, acompanhado de agentes federais e me retiraram dessa situação humilhante dentro do banheiro, onde era obrigado a conviver com o deboche dos colegas, além do ambiente fétido. Logo depois recebi da Direção Geral de Brasília uma penalidade de “Advertência”, na tentativa de me calar. Não fui preso numa cela do DEOPS, nem torturado num pau-de-arara, mas, arbitrariamente, fiquei preso num banheiro, onde sofri torturas psicológicas. Muita gente me aconselhava: “toma cuidado, para não acabar como o fiscal Passarinho (apelido)”, que foi morto por ter denunciado corrupção no Proagro. Saindo dessa prisão, o gerente determinou que eu ficasse confinado no almoxarifado, efetuando trabalho de contínuo, arquivando papéis etc. Foi quando descobri que, através de remessas contínuas de correspondências, solicitava tráfico de influência ao deputado Saulo Queiroz (PFL) para que intermediasse o pleito dos proagros junto ao Banco Central; tirei cópias.

O jornal “Versátil”, sob total controle dos líderes do esquema, tripudiava sobre a minha pessoa, me chamando de fera, louco, mequetrefe, estelionatário, mentiroso, caluniador, difamador, com atitudes espúrias e outras qualificações. Tudo isso acontecia com a complacência da Superintendência e da Direção Geral do Banco, pois, o correto seria que, a Direção Geral, em Brasília, tomando conhecimento das denúncias que entreguei ao Inspetor Hermenegildo, tomasse providências para que o gerente fosse afastado e baixasse na agência nova auditoria para uma devassa no Proagro. Mas, nada disso aconteceu. Como funcionário eu havia cumprido as normas do Banco e, por isso, fui punido e sofria tentativas de desmoralização; mas, toda a comunidade sabia onde residia a verdade. Os fatos repercutiram forte quando aparecem dois jornalistas, que me procuraram para tratar de uma pesquisa no oeste de Santa Catarina. Um deles, J. Júnior era agente do SNI, e eu não sabia; só fui descobrir depois, quando ele marcou um encontro com o Comandante Regional, Coronel Fontoura, daquele órgão, em Campo Grande. O encontro aconteceu numa sala do Diário da Serra, e, depois que o coronel tomou conhecimento da situação, me perguntou por que eu havia feito as denúncias; respondi-lhe que vivíamos num Brasil muito rico e belo, e que não merecia esses tipos corruptos de agentes públicos; pediu, então, que eu ficasse em pé e me deu um forte abraço; o jornal, sob a gerência do sr. César Quintas Guimarães, ficou de preparar e divulgar uma ampla matéria sobre o caso, mas, pouco depois ligou o Deputado Ary Rigo pressionando para a não publicação da matéria. Na sequência, no prédio do jornal, apareceu o Deputado Federal Ghandi Jamil George, com seus jagunços e uma mala com dinheiro, e a matéria não saiu (esses fatos estão descritos no dossiê do SNI). Tivemos, eu e o Sr. José Hauser, presidente da Associação da Vila São Bento, que sair correndo escondidos, como bandidos, e assim voltamos para Sidrolândia. O outro jornalista, Sr. Euricles Cavalcante Macedo, pegou a matéria e foi publicá-la na Folha de Londrina, em 13.07.88. A partir daí, a pressão subiu muito, pois políticos importantes se mexiam para abafar o caso. Fui chamado à Superintendência do Banco do Brasil, em Campo Grande, e o Sr. Sirley tentou fazer a minha cabeça com outra história sobre o empréstimo do Fundec, mas não deu certo, pois os documentos provavam o contrário. Fui então enviado, primeiro, para o Ceasp (Centro de Assistência ao Pessoal) do Banco do Brasil, em Campo Grande, para uma avaliação psicológica com a Dra. Maria Lourdes Ziollcowski, e depois enviado para o Ceasp de São Paulo, para avaliação pelo Dr. Antônio Carlos Beltrani Oliveira; os laudos apontavam que as perseguições e as humilhações sofridas já haviam feito um estrago no meu estado psicológico.

Sentia muita dor na coluna, cefaleia, e saía uma espécie de liquor pelo meu nariz quando me abaixava; fiz exames de tomografia computadorizada e cintilografia, que nada detectaram, pois a causa dos males era a profunda depressão, que era causa de intensa sudorese e mal-estar nas madrugadas.

Na agência em Sidrolândia a situação piorou, e muito. O gerente me colocou, ao meu retorno das férias que pedi, na rua; só podia entrar no banco até a plataforma onde teria que assinar o ponto e ir embora.  Ao invés do Banco tomar uma atitude de real apuração dos fatos denunciados, Brasília enviou para a agência o auditor Sr. Jair Ferreira da Costa. Este me encheu de perguntas, e, nas respostas detalhei as denúncias; bastava ele apurar os fatos, pois ali estavam citados nomes e as irregularidades. Mas, ao invés de cumprir com suas obrigações, esse auditor permitiu que, no recinto do banco, onde eu tratava de lhe comprovar as denúncias, adentrasse na sala o vereador David Moura de Olindo, Presidente da Câmara Municipal de Sidrolândia, e líder importante do esquema todo, que me perguntou quanto eu queria para parar de mexer com esses papéis. Tentativa descarada de suborno, dentro do Banco. Discretamente o auditor saiu da sala, para permitir uma livre negociação. Além de recusar o suborno, lhe passei um tremendo carão, pois na campanha ele havia prometido uma lavanderia comunitária. Minha paciência estava se esgotando com tantas tramoias. Aquele auditor havia sido enviado para colocar panos quentes na situação e me punir, conforme afirmado mais tarde em relatório pela Alta Administração do Banco.

A partir daí passei a ser monitorado, ora por gente que amanhecia na esquina de casa, ora por um carro preto que me seguia à noite. Ocorreu uma tentativa de sequestro do meu filho, com menos de um ano, e foi quando liguei para a Direção Geral do Banco, em Brasília, e lhes informei que, a partir desse momento, não respondia pelos meus atos caso atentassem contra a minha família. Ao sair de uma quitanda, fui abordado por um desconhecido, com cara de jagunço, que exigiu que eu lhe desse carona até o entroncamento para Maracaju; a muito custo consegui me livrar dele. Mas, não consegui me livrar dos pistoleiros que me tocaiaram na casa do Professor Antônio Lopes Lins, presidente da Academia Sul-Matogrossense de Letras, cujo endereço em Campo Grande foi declinado pelo gerente; depois de uma conversa muito áspera foram embora. O motivo de estar naquela noite na casa do Professor Lins era que a TV Morena pretendia gravar uma matéria comigo sobre o livro “SILVINO JACQUES, o último dos bandoleiros”, prefaciado pelo ilustre acadêmico, e em que era relatado a formação dos latifúndios na região sul do antigo Mato Grosso através do uso da violência. A obra seria lançada no dia seguinte, e a ameaça dos pistoleiros era de que se assim o fizesse, o evento ia acabar à bala, ao que retruquei que os convites já estavam entregues e eu não poderia voltar atras. O juiz de Sidrolândia, ao saber do ocorrido, determinou ao delegado que fosse colocada uma patrulha ostensiva na AABB, onde ocorreu o lançamento na noite gelada de maio de 1986. Como as ameaças não surtiram efeito, o grupo político interessado na não divulgação dessa história, conseguiu uma liminar de busca e apreensão da obra, o que ocorreu em setembro daquele ano. Por longos seis anos tive que me debater em juízo, até que, no Tribunal de Justiça do Estado, por força da nova Carta Magna, consegui o direito à publicação do livro, e assim me tornei referência como defensor da liberdade de expressão e a obra como referência da região Centro-Oeste conforme o Atlas Literário do IBGE em 2017.

O gerente, Sr. Augusto Guedes, R2 do Exército e amigo de agentes federais e pistoleiros de um esquadrão de extermínio que à época agia no Estado, ainda tentou me armar uma situação de perigo na Superintendência da Polícia Federal, em Campo Grande, de onde pretendiam sumir comigo. Mas, como registrei minha presença logo na chegada, a coisa não funcionou. O escrivão Caetano me manteve na sala do cartório até a chegada de um tal de agente Rocha, que me garantiu a armação e me levou para fora, quase me botando para correr. Tudo isso ocorria com a complacência da Direção-Geral de Brasília, que providenciou para que eu fosse indiciado no DEOPS, para a abertura do Processo Crime nº 166/89 contra mim por calúnia, injúria e difamação. Condenado fosse nesse processo, seria expulso do Banco, além de perder toda a minha credibilidade. A situação estava insustentável, e assim me ofereceram transferência para Aral Moreira ou Porto Murtinho, duas cidades da fronteira com o Paraguai; nascido na fronteira, recusei, pois sabia que era sentença de morte.

Foi quando fui chamado em Campo Grande, na Agência Central, onde, por telefone, o Sr. José Carlos da Conceição, Chefe do Direc – Brasília (DF) me deu quinze minutos para pedir transferência para qualquer lugar do país; não podia mais ficar no Estado, e caso não solicitasse a transferência seria demitido sumariamente. Na transferência não me deram dias de trânsito, como determinavam as normas, muito menos pagaram as despesas com a mudança, além do absurdo de me desligarem da agência de Sidrolândia (MS), ao final do expediente em 15.05.89, tendo que assumir na agência em Santa Cruz do Capibaribe (PE), no dia seguinte. Isto é, eu teria que me locomover 3.300 km numa noite. Tive que gastar quatro abonos-assiduidade, isto é, todo o prejuízo era meu. Como despedida, Brasília me aplicou a penalidade “Severa Censura”, que não me permitiria ocupar cargo de comissão por anos a fio, além de me colocar a um passo da demissão.

Em todos esses anos, mesmo pisado e massacrado, não deixei de fazer as tarefas que me eram delegadas, mesmo as mais humilhantes. Eu não podia levar o Banco à justiça, pois isso, conforme as normas ainda vigentes da Ditadura, seria motivo de demissão.  Eu tinha que me manter firme, na esperança de que um dia o Banco reconhecesse a verdade e resgatasse a minha dignidade, reconhecendo o meu esforço como bom funcionário. Mas, isso nunca aconteceu, pelo contrário. Todos os requerimentos que eu enviava a Brasília, seja sobre o cargo perdido, seja sobre a transferência arbitrária, ou seja, a respeito das penalidades aplicadas injustamente, todos retornavam indeferidos sumariamente, sem nem constarem o motivo da negativa nas lacônicas respostas.

Minha saúde piorou muito, pois era obrigado a viver numa penúria financeira e social, numa cidade do sertão nordestino, onde nunca chove e tudo é complicado. Fui enviado, em algumas ocasiões, para exames de saúde em Recife, mas nada aliviava meu desconforto com uma cefaleia que se tornava crônica. Para piorar, nossa agência foi assaltada duas vezes pela mesma quadrilha do chamado “novo cangaço”, e, através do meu depoimento, o delegado conseguiu prender o chefe do bando, em Brasília. O criminoso era parente do prefeito de Jataúba (PI), cidade próxima, o que significava grande perigo contra a minha vida. Em nenhum momento o Banco me concedeu proteção, e tive que ir pessoalmente a Brasília, expor o perigo da situação à Presidência do Banco, e só depois permitiram que eu retornasse a Mato Grosso do Sul, transferido para o Cesec de Dourados. Era o final de 1990.

No Cesec não me deram vida fácil. Em 1991, para fugir das minhas angústias, ajudei a fundar a Academia Douradense de Letras (ADL), de que fui o primeiro presidente eleito; posteriormente obtive mais dois mandatos, de 2008 a 2010, e de 2010 a 2012, quando criei a inédita ADL-Jovem; por problemas de saúde, me recolhi das atividades públicas. Em 30.10.91 fundei o Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública (METRA) que, por anos, pela manhã dos sábados, se fazia presente na Avenida Marcelino Pires, em frente ao Tat Lanches, com a “Banquinha da Luta contra a Corrupção Política” pregando a conscientização política e se fazia representar nos tribunais contra o mau uso dos recursos públicos feitos por gestores corruptos. Participou, juntamente com outras entidades, como o Movimento Popular das Mulheres e Comitê Regional de Defesa Popular, de manifestações a favor dos interesses dos trabalhadores e da população em geral. O METRA foi a única entidade deste Estado que participou ativamente da campanha contra a fome liderada pelo saudoso Betinho. Em 1996, o Metra levou ao ar a primeira rádio comunitária da região: a FM TERERÊ, que funcionou por um período com alvará da Justiça Federal. Também editou o hebdomadário O BRASILEIRO, que, por falta de recursos, não pode passar da terceira edição.

Volta e meia, tinha que me afastar para tratamento de saúde; foi quando tratei da cefaleia que quase me paralisava em alguns momentos. Foi constatado problema na coluna, fruto da situação psicossomática. Comecei a ter problemas cardíacos e quase vou parar na mesa de cirurgia; com a ambulância na porta me esperando para me levar ao centro cirúrgico, o Dr. Luiz, de uma clínica, em Campo Grande, onde fui pedir reavaliação do quadro, se opôs ao procedimento e então fui dispensado. Sempre desconfiei que algo trágico pudesse acontecer nessa cirurgia.

Aí surgiu nova situação estressante. Em 15.03.91 fui nomeado suplente de delegado sindical, e, no Cesec, eram cometidos todos os tipos de irregularidades, desde horas extras não pagas a aliciamento de estagiários para testemunharem a favor do Banco em juízo. Como era meu dever, como funcionário e como sindicalista, levei as irregularidades novamente para a auditoria, acreditando que, finalmente, meu empenho em manter uma imagem limpa do Banco ia ser reconhecido. Ledo engano. Recrudesceram as perseguições e humilhações, unidos agora os antigos e os novos algozes.  Meu estado de saúde deteriorou muito e passei a fazer tratamento psiquiátrico com o Dr. Samuel Pires Passos, a partir de 30.06.92, e sessões de análise com a psicóloga Cláudia Regina de Oliveira Lima, credenciada pela Cassi – Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. Nesse ano, para fugir das pressões no trabalho, saí candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores; não fiz campanha, pois não pretendia a eleição, apenas ajudei a formatar o programa de governo para o partido. Logo depois da campanha, tive que tirar férias vencidas para não se acumularem duas. Durante a minha ausência, decidiram como me pressionar, e, quem sabe, me levar a um ato impensado e que poderia gerar a minha demissão. Ao meu retorno, no mesmo dia, o Supervisor Paulo César Colombo, porque me demorei no banheiro, chamou seu Assistente e duas testemunhas, e, na frente de todos, me chamou a atenção para me humilhar; expliquei-lhe que estava com dor de barriga; isso acontecia toda vez que eu adentrava algum recinto do Banco. Eu percebia que a minha saúde não suportava mais o trabalho no Banco, e solicitei então, ao Chefe do Cesec, Sr. Ivaldo Luiz Quadros do Couto, para efetuar uma consulta médica. O Dr. Samuel, ao tomar conhecimento dos fatos, em 03.11.92, me afastou imediatamente do serviço, afirmando que eu não tinha mais condições de trabalho, pois eu faria, ou fariam comigo, uma grande besteira, por conta da exasperação depressiva de que estava tomado. E foi assim que, em 04.11.92, entrei em licença-saúde.  O psiquiatra me orientou que me dedicasse aos meus trabalhos literários e à luta pela cidadania através do Movimento METRA, como uma terapia; foi o que fiz com muito empenho, mas até isso o Banco chegou a contestar no inquérito depois.

Em 20.11.92 a Promotora de Justiça, Dra. Teófila Almeida Arruda, no Processo Crime iniciado pelo DEOPS, pede a minha absolvição, numa argumentação de que o processo apenas serviu para as pretensas vítimas como uma autodefesa prévia.  O juiz pede estranhamente a extinção do feito por prescrição. Eu pretendia usar a minha declaração de inocência como um meio de provar ao Banco de que as minhas denúncias tinham, sim, fundamento. Mas, até isso me foi negado; era a justiça blindando a bandidagem. Encaminhei cópia do texto da promotora e da sentença do juiz para Brasília, para comprovar minhas boas intenções; nem se manifestaram sobre o caso. Pedi, então, cópia de todos os inquéritos contra mim; não me atenderam.

Começaram as perícias médicas, feitas por médicos do Banco, no Ceasp de Campo Grande, validadas para o INSS, e em que ficaram comprovados os efeitos danosos a minha saúde que me foram causadas por tanta perseguição e humilhação. Essas perícias e o tratamento com o Dr. Samuel, o Banco tinha que parar. Em 14.04.93, o Banco me encaminhou para o Ceasp de São Paulo, onde me mandaram para uma consulta com o psiquiatra clínico e forense do Hospital das Clínicas, Dr. Sérgio Paulo Rigonatti, que atestou meus distúrbios emocionais e informou que eu precisaria de um tratamento de longa duração

O Banco, ao invés de acatar a orientação médica, armou uma “alta” do INSS, em 04.05.93, e em 05.05.93, isto é, no dia seguinte, me colocou sob inquérito administrativo. A incoerência da “alta” salta aos olhos: o Dr. Jair de Jesus Alves, pediatra, diz na sua perícia psiquiátrica que, em 04.05.93, estava incapacitado para o trabalho, e que, na mesma data, cessa a incapacidade. Só por Deus para aceitar tanta barbaridade. Pedi cópia de todos meus prontuários médicos, mas nem me responderam. Eu entendia que quem detinha a capacidade de me dar alta era o médico que havia me afastado do serviço, e nenhum outro.

O inquérito foi uma farsa; colocaram-me numa sala da chefia, com a cara voltada para a parede, com dois colegas posicionados constrangedoramente a pouca distância, às minhas costas, e ali tinha que responder, por escrito, às perguntas formuladas sobre o Movimento Metra, sobre meu passado de luta, sobre tudo, menos sobre algum mau desempenho funcional; pois, eu entendia que a minha relação com o Banco era simplesmente de contrato de trabalho. Mas, mesmo assim comprovei as denúncias feitas. De nada me valeu, porque o Banco apenas estava protelando para, no momento oportuno, me demitir.

Em 04.10.93 fui chamado à Chefia, e, em frente a testemunhas, a Chefe-Adjunta, Sra Cínthia Alves Lima, me pediu a identidade funcional e me entregou a carta de demissão, onde nem se deram ao trabalho de constar se era por justa ou sem justa causa, muito menos os motivos, que eram obrigatórios pela lei e pelas normas do Banco. Passaram por cima da minha estabilidade sindical, garantida pelo Art. 543 da CLT, até 15.03.94. Vinte e um anos de carreira destruídos, jogadas no lixo, em minutos. Foi-me negado o direito elementar de conhecer dos meus inquéritos administrativos, obrigando-me a recorrer à justiça, através de uma Cautelar de Exibição de Documentos, para onze anos depois, conhecer o conteúdo parcial dos mesmos. Ao juiz, alegaram que os dossiês médicos não foram encontrados. Quanto aos inquéritos da perda da comissão de fiscal, e da aplicação das penas de “advertência” e “severa censura” nunca existiram; foram atos arbitrários, dignos da ditadura militar. Tanto isso é verdade que, anos depois da sua aplicação, a “Severa Censura” foi simplesmente anulada, depois de haver me causado graves prejuízos na carreira.

Mas, o Banco tinha que ser mais cruel comigo, mesmo demitido, pois eu tinha que servir de exemplo, de um castigo bem aplicado. Foram me pagas as verbas rescisórias todas erradas, a menor, é claro, e nos meses seguintes me debati para provar isso e receber o mínimo de direito; até no FGTS faltava quase a metade de anos e anos de depósitos. Consegui comprovar tudo, e recebi o que me cabia de direito. O desejo de Justiça me movia, e, apesar do profundo poço em que fui jogado, tirei forças junto a minha fé em Deus para buscar recursos vendendo meus livros em sacolinhas de plástico, muitas vezes pegando carona para outras cidades. Recebi também o apoio e ajuda de pessoas que conheciam a minha história, a quem agradeço de coração. Tornei-me ativista cultural, e assim ajudei a organizar o I Fórum de Cultura de Dourados (MS), em 1999, e no segundo fórum fui eleito conselheiro municipal de cultura, e logo a seguir comecei a participar, em Campo Grande, do Fórum Estadual de Cultura, de cuja Executiva fui membro eleito. Em 2008, aos sábados pela manhã, instalei, por cerca de dois anos, em frente ao Tat Lanches a “Banquinha do Livro, Leitura e Literatura”, quando interagia com as pessoas para que dessem exemplo de leitura aos filhos e negociava também as minhas obras.

Em início de 1997, o médico, Dr. Leidniz Guimarães, vendo as dificuldades pelas quais passava, me acudiu e me orientou, haja vista que eu detinha direito para tanto como segurado, para solicitar perícia junto ao INSS. Foi, então, constatada minha deplorável situação de saúde emocional e de outros males que já se instalaram em mim por conta de tamanha frustração e tanta injustiça. Em 1.999 fui aposentado por incapacidade laboral, que o Juiz Federal, Dr. Odilon de Oliveira, mandou retroagir a 06.05.94, com início da incapacidade laboral como bancário em 04.11.92; isto é, na vigência do contrato de trabalho e na sequência da minha demissão. O Banco, em pleno tratamento médico, havia me demitido, e dentro do período de estabilidade por representação sindical.

Levei as denúncias das apropriações indevidas do Proagro dos pequenos e médios produtores e da tentativa de uso do refinanciamento da creche na Vila São Bento, em Sidrolândia, para fins políticos à Procuradoria-Geral da República, que determinou à Polícia Federal a abertura de inquéritos, quando fui, então, ouvido.

Todos os inúmeros recursos administrativos enviados ao Banco para que me fossem revistas a demissão, as punições, a remoção arbitrária para o Nordeste, todos foram laconicamente negados. Cartas, clamando por justiça, que foram enviadas, nessa época, e em épocas anteriores a autoridades políticas, à CPI da Corrupção do Senado, à CPI do Banco do Brasil na Câmara dos Deputados, aos Presidentes Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, à ONU, ao Pen Club International, ao Ministro Oscar Correa, e redirecionadas por elas ao Banco do Brasil, nem mereceram manifestação. Só o Pen Club International, que havia me adotado em 1992 em cerimônia no Rio de Janeiro (RJ) por conta das ameaças e perseguições devido à publicação do livro sobre o bandoleiro Silvino Jacques, foi que intercedeu por mim junto ao governo brasileiro pedindo segurança e justiça. Também o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a Ministra, na época, da Casa Civil, Sra. Dilma Rouseff, solicitaram, ao encerramento dos seus mandatos, à Comissão de Anistia, onde eu conseguira abrir um processo em 2004, que revisse a perda da comissão de fiscal, ocorrida antes da promulgação da Constituição de 88. O Banco, então, me enviou um memorando, em 2010, afirmando que aguardaria a sentença daquela Comissão, para rever o meu processo. E o tempo foi passando, e o Banco, mais uma vez, com muita má vontade, enrolando, “pra ver a morte chegar”, como diz a canção. Em 11.09.2015, a Comissão de Anistia (MJ), emitiu Nota Técnica, de que há pouco tempo atrás finalmente tive acesso, em que orientou o seu arquivamento, e onde está dito que “a perda do cargo em comissão ocorreu em razão de o requerente ter denunciado esquema de corrupção na sua instituição de trabalho.O próprio governo reconhece que as denúncias que fiz dos desvios de verbas do Proagro e do Fundec tinham fundamento e que agi corretamente ao fazê-los. A Nota conclui, de maneira espúria, que não há reparação política a ser feita.

 

Mesmo o Banco expressando dubiamente a possibilidade de rever a minha carreira, não confiei mais nessa instituição. A moradia que adquiri com financiamento da Previ foi executada, mesmo estando a pagar as parcelas na época, já foi a leilão por duas vezes; na primeira vez, tomado por desespero, fiz greve de fome na frente da Câmara Municipal de Dourados, e assim, com a ajuda de pessoas que conhecem a minha história e me são solidárias, consegui evitar não ser jogado na rua, considerando que recebo uma aposentadoria que mal dá para pagar as contas da casa. A perda da minha comissão como fiscal e suas consequências retiraram parte significativa dos meus proventos, de uma carreira que poderia ter chegado a gerente no exterior ou a auditor. O segundo leilão foi sobrestado porque um oficial de justiça tentou me envolver num esquema que ficou conhecido como da “Máfia da Arrematação”, em que imóveis eram arrematados por preço vil e negociados com autoridades recém chegadas à Comarca de Dourados (MS). Neste momento, outro leilão se aproxima, e estou me debatendo para não perder de vez o meu imóvel, único patrimônio que sobrou dos 21 anos de bons serviços prestados ao Banco do Brasil, além do que ser jogado na rua, nesta idade e nestas condições de saúde, é uma sentença de morte, com certeza.

Em busca de uma justiça eficaz, passaram-se anos e anos de lágrimas, de perseguições, de humilhações, de sofrimentos e de transtornos da saúde. Como dói ter a consciência de que se agiu honestamente, tendo as ações corretas reconhecidas em processo pela Promotora Teófila Almeida Arruda, reconhecidas com notícias sobre fraudes no Proagro amplamente divulgadas em jornais, e até por relatórios do antigo SNI, e que se fez tudo dentro de uma ética profissional, e que, por isso se é punido, discriminado e colocado na rua da amargura e da miséria, algumas vezes tendo que tirar o pão da boca para dar aos filhos; colocado no desamparo, na expectativa da morte, demitido da carreira, que tudo indicava poderia ser brilhante. Como dói cumprir as normas de uma empresa, receber boas avaliações, cumprir religiosamente com as obrigações, e, ao mesmo tempo, essa empresa o humilhar, o achacar, o assediar moralmente, causando-lhe um quadro psicossomático gerador de inúmeras e graves doenças. Como dói deitar a cabeça no travesseiro e, no dia seguinte, levantar com uma obsessão martelando na cabeça, a de que será mais um dia para se lembrar de todos os achincalhamentos praticados contra si. Como dói acordar constantemente na madrugada tendo sonhado que se estava retornando ao ambiente do Banco, e perceber que, na verdade, se viveu um pesadelo. Como dói reconhecer que, passados mais de trinta anos, a empresa, pela qual você lutou tanto para lhe preservar a imagem, continua debochando dos seus apelos, insensível, e lhe mantendo no ostracismo, nem mesmo lhe permitindo uma morte digna. Como dói permanecer por anos na expectativa de uma sentença judicial que possa lhe afirmar que finalmente a justiça será feita, mas, quando ela é publicada, o que se toma conhecimento é de que o relator, desembargador Josué de Oliveira, no seu relatório, simplesmente reproduziu palavras de impropérios e difamações propaladas pela poderosa instituição financeira oficial contrária. O que levou a esse juiz agir assim? Estava implicado na Máfia da Arrematação, sob acompanhamento do seu colega, desembargador Eduardo Machado? Como dói saber que a denúncia que fiz ao Ministério Público Federal, em 1994, sobre a corrupção no Proagro e no Fundec, passados muitos anos, descubro que o inquérito dos desvios do seguro agrícola foi extraviado, e que ninguém sabe onde se encontra, e que o do financiamento espúrio da creche já construída na Vila São Bento virou papel picado e jogado fora; como dói esses descasos das autoridades para salvaguardar os interesses da população em geral e não só das elites. COMO DÓI TUDO ISSO!

A dor, no entanto, seria bem maior ainda, produzida por um violento atentado a bomba incendiária. Quando, em 14.05.06 divulguei artigo relatando a corrupção no Proagro e Fundec, naquela fatídica noite do Dia das Mães, minha casa foi alvo de um coquetel molotov, e, eu e a minha esposa Elisângela, que estávamos na sala, não morremos porque a mão de Deus colocou sobre nós uma coberta que nos protegeu em parte. Sofri graves queimaduras nos pés e a minha esposa teve suas mãos dilaceradas. Lutamos muito para nos recuperar, mas o trauma psicológico permanece e as sequelas dos ferimentos desgastaram a minha saúde de tal forma que hoje mal consigo caminhar e sinto muita falta de ar. O inquérito policial (IP 256/2006) não chegou a nenhuma conclusão, apesar dos nomes de políticos, empresários, advogados etc. que foram qualificados como possíveis autores; depois de seis anos, quando representei por inércia contra a Promotoria Criminal, João Linhares Júnior, no Conselho Nacional do Ministério Público, o inquérito, por represália com certeza, foi enviado ao arquivo morto. Na impossibilidade de se matar a vítima, mata-se o inquérito.

Enganam-se aqueles que acreditam que a Ditadura não exista mais; ela está camuflada, firme e forte, em quase todas as instituições e poderes. A Ditadura ultrapassou o marco legal e ainda hoje alcança seus inimigos onde quer que esteja. E, quando me refiro à Ditadura, não me refiro só aos militares, mas aos carrascos civis também, políticos e agentes públicos que não sabem conviver com a democracia.

A Comissão Estadual da Verdade, Memória e Justiça, a quem prestei depoimento, registrou estes fatos e assim está comprovado que continuo há décadas preso na masmorra da Ditadura. E que se saiba que, se os políticos que contactei, bem como a CPIs do Congresso Nacional, TIVESSEM ME DADO OUVIDOS EM MEADOS DE 1980, HOJE TALVEZ NÃO ESTARÍAMOS, QUEM SABE, VIVENDO OS HORRORES DESTE GOVERNO QUE É UM RESQUÍCIO DA OPRESSÃO DA DITADURA E AMEAÇA EXPLÍCITA À DEMOCRACIA. POIS FOI AQUELE DINHEIRO DESVIADO QUE MANTEVE VIVA A CHAMA QUE AQUECEU E CHOCOU O OVO DA SERPENTE QUE HOJE ESTÁ NO PALÁCIO DO PLANALTO.

Espero que hoje possam me ouvir, mas duvido muito.

Este relato foi elaborado em maio de 2014, e foi atualizado em 17.03.2022, e serviu para meu testemunho junto à Comissão da Verdade, Memória e Justiça instalada em Campo Grande (MS) em 16.05.2014. Os fatos pérfidos nele narrados, mais as degradantes e longevas pendengas judiciais, que foram muitas e que não menciono nesta narrativa, pois se tratam mais de argumentações técnicas afeitas aos operadores do direito. estão detalhadas e devidamente comprovadas na admissibilidade do Caso 13.906 da COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS/ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (CIDH/OEA), que ora chega ao momento de busca e tentativa de promoção da JUSTIÇA, com a aplicação do devido “remédio eficaz”. Como meu patrono no caso atua a Defensoria Pública da União, através da Coordenação de Apoio à Atuação no Sistema Interamericano de Direitos Humanos (CSDH/DPU).

Deus, na sua infinita misericórdia, me trouxe até aqui.
Será feita a JUSTIÇA? NÃO SEI.

Brígido Ibanhes 
Rua Hilda Bergo Duarte, 1627 – Vila Planalto
79826-090 – Dourados (MS)
Telefone (67) 3038-5320 / 99665-6563
E-mail: jasyjatere@terra.com.br

 

CRONOLOGIA DOS FATOS

Janeiro de 1986 – Carta encaminhada ao auditor, sr. Hermenegildo, com denúncia das irregularidades no Proagro.

30.05.86 – Lançamento do livro “SILVINO JACQUES, o último dos bandoleiros”, que relata a formação dos latifúndios no sul do antigo Mato Grosso através do uso da violência e terrorismo.

Setembro de 1986 – Busca e apreensão dos exemplares do livro.

26.10.87 - Avaliação de Desempenho Funcional (ADF) feito na agência de Sidrolândia (MS) e que demonstra que era um bom funcionário.

08.12.87 - Dispensa do cargo de fiscal, por iniciativa do gerente da agência, sr. Augusto Guedes da Fonseca Neto, devido a denúncia de várias irregularidades praticadas por ele com verbas do Proagro e do Fundec.

26.01.88 - Comunicado direto à Auditoria do Banco do Brasil das irregularidades.

19.04.88 - Expediente interno com circulação proibida pelas normas, pois aborda política partidária (criação do partido PSDB) e levanta suspeitas contra inspetores do Banco Central.

22.04.88 - Comunicado à Polícia Federal de mau uso e de desvio de verbas da União.

28.04.88 - Confirmação das irregularidades pela Associação de Bairro onde deveriam ser aplicadas as verbas conforme pedido da própria comunidade.

03.06.88 - Aplicação da penalidade de “Advertência”, na tentativa de me fazer calar.

08.06.88 - Correspondência do gerente da agência de Sidrolândia (MS) ao deputado Saulo Queiroz para “examinar” proagros no Banco Central, numa demonstração clara de tráfico de influência.

13.07.88 - Matéria na “Folha de Londrina” sobre as irregularidades.

11.08.88 - Comunicado à CPI da Corrupção do Senado Federal das irregularidades e da violação de direitos humanos, pois o gerente me manteve preso por dois dias no banheiro, como punição por ter feito as denúncias.

14.09.88 - Interpelação escrita pelo auditor Jair Ferreira da Costa, no início da inspeção, na tentativa de abafar e amenizar as denúncias. Nos dias seguintes continuaram as interpelações, aos quais eu respondi também por escrito.

20.09.88 - O gerente paga, por ordem do auditor, dinheiro que me devia há muito tempo.

02.12.88 - Comunicado à Polícia Federal da tentativa de suborno feito pelo vereador David Moura de Olinda, Presidente da Câmara Municipal, na sala do auditor Jair Ferreira da Costa.

12.12.88 - Relatório médico feito no Ceasp de São Paulo (SP), onde se comprova que devido às pressões no trabalho começo a sofrer de stress e depressão.

03.04.89 - O primeiro requerimento de transferência, sob pressão, para Pernambuco, mas que foi negado porque eu pedia ajuda para a mudança.

04.04.89 - O segundo requerimento de transferência para Pernambuco, sob pressão de ser demitido sumariamente pelo sr. José da Conceição, do Direc, caso não o fizesse. O Sr. Alcir de Souza Araújo, sindicalista, foi testemunha da ameaça. O requerimento foi protocolado na agência do BB em Campo Grande (MS).

09.04.89 - Denúncia das perseguições e apelo ao Ministro da Justiça, sr. Oscar Dias Corrêa. Não tive resposta ao meu apelo.

27.04.89 - Aplicação da Penalidade de “Severa Censura” ao mesmo tempo que era transferido para Santa Cruz do Capibaribe (PE).

29.05.89 - Despesa da mudança paga do meu bolso.

27.06.89 - Recurso encaminhado à Direção Geral em Brasília (DF).

13.09.89 - Requerimento de dias de trânsito, negado pela agência.

15.09.89 - Requerimento de dias de trânsito encaminhado à Direção Geral.

26.09.89 - Indeferimento do pedido datado de 15.09.89. É impressionante observar que todos os meus requerimentos eram indeferidos numa demonstração clara de perseguição.

19.10.89 - Indeferimento do recurso datado de 27.06.89.

20.03.90 - Recurso encaminhado à Presidência do Banco do Brasil.

01.06.90 - Ficha de Acompanhamento de Desempenho Funcional que demonstra que eu continuava sendo um bom funcionário.

15.06.90 - Indeferimento do recurso datado de 20.03.90

14.09.90 - Novo requerimento de cancelamento das penalidades, encaminhado pela agência, com parecer sobre a atuação funcional.

19.11.90 - Matéria publicada no jornal “Correio do Estado” comprovando, em Campo Grande (MS), as irregularidades no Proagro, cuja denúncia já havia feito em Sidrolândia (MS).

05.03.91 - Apelo ao Presidente da República Fernando Collor de Melo. Eu havia conseguido transferência para o Cesec de Dourados (MS) por ter identificado o chefe da quadrilha que havia assaltado a agência do BB/Santa Cruz do Capibaribe (PE) por duas vezes. Esse assaltante foi preso em Brasília (DF).

04.04.91 - Requerimento para tomar conhecimento do processo disciplinar e que não obteve nenhuma resposta.

15.05.91 - Denúncias das irregularidades e perseguições à “CPI do Banco do Brasil” através do Deputado Federal Leomar Quintanilha, no Congresso Nacional.

15.12.92 - Laudo médico-pericial de avaliação feita no CEASP de Campo Grande (MS), onde ficam claros os traumas sofridos pela perseguição política e que me mantém afastado do Banco.

04.01.93 - Apelo ao Presidente do Banco do Brasil, sr. Alcir A. Callari para rever a minha situação e denúncia de horas-extras não remuneradas praticadas no Cesec a mando do Chefe, sr. Ivaldo Luiz Quadros do Couto, e o aliciamento de estagiárias para deporem na Justiça do Trabalho a favor do Banco.

12.04.93 - Encaminhamento para efetuar avaliação médica no Ceasp de São Paulo (SP).

04.05.93 - Comunicado de alta da licença-saúde, dada por pediatra do Centro Médico do Cesec, sendo que eu fazia tratamento com um psiquiatra e uma psicóloga, tentando conviver com os traumas da injustiça e humilhação sofrida dentro do Banco. Até hoje continuo tomando medicamentos e o tratamento só foi interrompido quando já não dispunha de dinheiro para pagar as sessões.

05.05.93 - Afastamento do serviço para responder inquérito administrativo no dia seguinte à alta. Fica claro a má-fé na condução do processo.

05.05.93 - Pedidos de esclarecimentos dentro do inquérito instaurado para apurar as denúncias que eu havia feito contra o Chefe do Cesec. No entanto, a maioria das perguntas não se referiam a essas denúncias (num universo de 33 perguntas, apenas 3 se referiam a esse assunto) mas levantavam questionamentos políticos meus pessoais, como a fundação do Metra - Movimento de Moralização e Ética no Trato da Coisa Pública.

07.05.93 - Pedido de esclarecimento sobre fato acontecido, que apesar de ter relação com o Banco do Brasil, não é da competência do Banco controlar, pois envolvia assunto tratado no Rotary Club, fora do horário de trabalho e fora das dependências do Banco. Demonstra claramente a conotação política em não dar conhecimento à sociedade de fatos irregulares na condução das verbas de programas federais.

14.05.93 - Resposta à interpelação feita, sem se registrar a pergunta na cópia a mim fornecida. Assim eu não tenho provas de que as perguntas são meramente políticas e não têm nada a ver com as denúncias de exploração dos funcionários.

14.05.93 - Requerimento das cópias das perguntas e respostas do inquérito.

21.05.93 - Fornecimento das cópias das respostas conforme a CIC Funci 7.2.4.g. Faltaram cópias das perguntas, conforme determina a CIC Funci 7.2.4.c.

00.00.00 - 33 respostas. Os temas são diversos, demonstrando mais uma vez que a questão era de comportamento político e não de relação de trabalho.

21.05.93 - Fim do inquérito e comunicado de que o fato de eu ter denunciado a Chefia do Cesec para a Direção Geral é passível de punição. A acusação se diz baseada na CIC Funci 7.1.1.d. As normas do BB obrigam o funcionário, que é conhecedor de irregularidades, a comunicá-las à Direção Geral, sob pena de ser considerado cúmplice, e foi o que eu fiz.

24.05.93 - Ratificação dos fatos para o DEASP, na Direção Geral em Brasília (DF).

06.06.93 - Declaração de ex-estagiária confirmando o aliciamento para de depor na Justiça do Trabalho. Foi uma das acusações feitas à Direção Geral contra a Chefia do Cesec.

02.08.93 - Requerimento feito ao Presidente do Banco do Brasil, Sr. Alcir A. Callari, para rever a minha situação funcional e promover justiça quanto a perseguição que vinha sofrendo desde o meu trabalho como fiscal na agência de Sidrolândia (MS).

04.10.93 - Comunicado da demissão sumária, depois de 21 anos de serviços prestados, sem esclarecerem o motivo. A lei trabalhista diz que a demissão pode ser “sem justa causa”, mas não diz que pode ser sem causa nenhuma, isto é, mesmo não sendo por justa causa devia constar o motivo: negligência, redução do quadro etc.

25.10.93 - Requerimento para pagamento de diferença nos cálculos de rescisão contratual e pagamento de diferença no cálculo dos 40% de multa sobre os depósitos no FGTS e requerimento da cópia da minha alta médica que não me havia sido fornecido.

26.10.93 - Pagamento das diferenças no cálculo da indenização. Era evidente a má vontade, a perseguição e o clima de humilhação a que queriam me sujeitar, mesmo no pagamento da indenização da rescisão contratual.

17.11.93 - Apelo do Pen Club Internacional ao Ministro da Justiça e ao Presidente do BB.

19.11.93 - Apelo para o Presidente do Banco do Brasil, Sr. Alcir A. Callari.

02.12.93 - Novo requerimento pra revisão dos valores pagos a título do FGTS e da respectiva multa.

06.12.93 - Indeferimento do pedido feito em 02.08.93.

23.12.93 - Requerimento para entrega de avaliação médica feita no Ceasp de São Paulo (SP). Não responderam ao pedido.

28.12.93 - Atestado Médico comprovando que continuava em 28.12.93 o tratamento psiquiátrico iniciado em 30.06.92.

17.02.94 - Requerimento do Dr. Aquiles Paulus para que o Banco do Brasil faça revisão do valor pago a título de multa sobre o total depositado no FGTS, e também para regularização de erro na aplicação de índice de juros e correção monetária (73%) sobre os depósitos em 01.03.90. É evidente o desinteresse do Banco em efetuar os acertos, que foi efetuado somente em 10.05.94.

26.02.94 - Matéria do “Correio do Estado” com a manchete “PF investiga denúncias de desvio de recursos rurais”, que confirma minhas denúncias.

03.03.94 - Matéria no “Correio do Estado” com a manchete “Proagro tem rombo de US$ 500 milhões”.

18.03.94 - Encaminhamento do Banco do Brasil para a Caixa Econômica Federal dos cálculos para recomposição do saldo do FGTS. É interessante notar a expressão “demitido deste Banco no interesse do serviço”. Qual seria esse interesse se na minha última avaliação funcional fui considerado “ótimo funcionário”?

21.03.94 - Indeferimento do recurso datado de 19.11.93.

21.05.94 - Requerimento para receber valor referente a multa pelo atraso das parcelas da rescisão contratual. Não foi dada a resposta ao pleito.

20.07.94 - Apelo ao Presidente da república, Sr. Itamar Franco.

14.10.94 - Indeferimento ao apelo de 20.07.94.

22.11.94 - Apelo ao Vice-Presidente, Sr. Marcos Maciel.

31.01.95 - Texto da ata da reunião do Comitê do Cesec, onde aparece claramente a referência a horas-extras frias, isto é, não remuneradas. Isso foi uma das denúncias feitas contra a Chefia do Cesec e que motivou a demissão.

16.02.95 - Comunicado do Vice-Presidente, Sr. Marcos Maciel, ao deputado Augustinho Rufino do encaminhamento do pleito, datado de 22.11.94, ao Banco do Brasil. Não houve resposta.

10.11.95 - Recurso e apelo ao Sr. Henrique Pizzolato.

28.11.95 - Requerimento ao Coordenador do Comitê de Recursos do Banco do Brasil. Não houve retorno, apenas me informaram por telefone que a minha demissão já fazia tanto tempo atrás e que infelizmente caducara o prazo para revisão.

Janeiro/96 - Matéria publicada em “O Espelho” e que trata de horas-extras não pagas pelo Banco do Brasil, comprovado mais uma vez a denúncia que havia feito.

06.05.97 - Perícia médica feita nesta data no INSS, onde consta no laudo que a partir de 04.11.92 eu não tinha condições psicológicas para trabalhar no recinto do Banco, portanto não poderia ter sido afastado do serviço e muito menos demitido. O Dr. Samuel Pires Passo, psiquiatra, que me assiste desde junho/92 até hoje, também confirma a minha incapacidade, mas o Banco não se manifesta.

Janeiro/98 - Novamente matéria de “O Espelho”, sob a manchete “Guerra ao Trabalho Gratuito” e que trata de horas-extras não remuneradas.

Março/2004 – Depoimento sobre a “Máfia das Arrematações” para ajudar o Judiciário, a pedido do juiz Eduardo Machado, e que me valeu dissabores em sentença de ação contra o Banco do Brasil, proferida por desembargador que se sentiu atingido no seu interesse.

14.05.2006 – 20:42 h, Dia das Mães, domingo, ATENTADO A BOMBA INCENDIÁRIA com graves consequências para a saúde da minha esposa e para a minha, e destruição de parte da nossa moradia.